História da Liga
Desde a sua inauguração, nos finais do séc. XVIII, o Hospital pertenceu à Santa Casa da Misericórdia do Porto e, assim, à cidade. Durante duzentos anos foram, na prática, os cidadãos do Porto que se “responsabilizaram” pelo bom funcionamento e desenvolvimento do Hospital.
Mas a solidariedade caritativa deu lugar a uma segurança ou previdência social da responsabilidade do Estado já em 1968, quando o HGSA passou a ser Hospital Central, com leis e financiamento vindo do Estado. Em 1975, com a Nova Constituição da República, a saúde passou a ser considerada um direito e, aquando do incêndio da ala Norte do velho Hospital em 1976 já “ninguém” do Porto era responsável por ele.
Valeu-nos ser Secretário de Estado um “Homem” do Porto e do Hospital: o Dr. Paulo Mendo. Também outro acaso fez com que aparecesse um benfeitor anónimo que quis contribuir para a rápida reconstrução do Hospital. Era necessário criar algo que oficialmente pudesse tornar legais todas as ofertas, todas as ajudas ao Hospital. Por iniciativa de vários e do Dr. Luís Roseira, então Anestesista do Hospital mas com um passado notável de Humanista e de “ajuda desinteressada” pelos doentes, é fundada a Liga em 1977, com escritura publicada no DR em 1 de Julho. Muitos do Hospital e fora dele se juntaram neste projeto, que tornava possível que “outra vez” a Comunidade pudesse ajudar o Hospital naquilo que não fosse da responsabilidade do Estado ou em que o Estado não se sentisse responsável. A ligação entre a cidade e o seu Hospital estava agora refeita através da LIGA.
Obviamente os primeiros tempos não foram fáceis e depressa o primeiro Presidente (Dr. Helder Martins Leitão – Advogado) se demite. Mas depressa o Dr. Luís Roseira o substitui e começa a organizar um amplo conjunto de serviços de apoio aos doentes.
O núcleo inicial de 6 Voluntárias já é de 31 em 1981. Chegam então a ter que solucionar os problemas dos doentes crónicos e a sua transferência para lares, pois que até 1985 não havia um verdadeiro Serviço Social no Hospital e eram as VOLUNTÁRIAS os “anjos da guarda ” de muitos e muitos doentes. Entretanto começa a haver mais e mais “benfeitores” – sócios, empresas, Câmara Municipal, Governo Civil do Porto – que se associam a todo este movimento de solidariedade e inicia-se a angariação de fundos através do Peditório anual pela cidade, em 3 dias da Semana dedicada à LIGA.
Aos 10 anos da LIGA houve eleições e a Presidência passou ser do Dr. Rocha e Melo, assessorado pelo Dr. Albino Aroso e pela Dr.ª Irene Oliveira (Economista), além de muitos outros Membros da Direção, do Conselho Fiscal e da Assembleia Geral. Fez-se a consolidação de todo o trabalho anterior e a LIGA comprou e instalou muito equipamento em vários Serviços do Hospital. Foi em 1988 que, através da Liga e do seu ex-Presidente do Conselho Fiscal, Dr. Artur Santos Silva, o BPI disponibilizou verbas para a instalação de um bloco cirúrgico.
Em 1987 já há 150 voluntárias que mantêm: “…um Serviço de Balcão/Atendimento e informação; um grupo de apoio na Consulta Externa, RX e algumas Especialidades; um Serviço de pequenos-almoços na Consulta de Oncologia; um serviço de visita diária a doentes internados, a distribuição de jornais e revistas, ou de roupas para os necessitados, a comparticipação em medicamentos e próteses, em deslocações, em pernoitas para os familiares dos doentes, a doação de Televisões onde os Serviços do Hospital achassem de utilidade para os doentes, cinema para doentes no salão nobre do Hospital, etc.”
A LIGA foi reconhecida como INSTITUIÇÃO PRIVADA DE SOLIDARIEDADE SOCIAL (IPSS) em 5 de Julho de 1989, ainda sob a Direção do Dr. Luís Roseira, que em todos estes anos criou uma estrutura exemplar em defesa do VOLUNTARIADO SOCIAL nos Hospitais.
De 1993 a 1998 a Direção da LAHSA volta a estar a cargo do Dr. Luís Roseira, do Dr. A Strecht Ribeiro (Vice-Presidente) e do Enf Bento Ferreira (1º Secretário) e o Voluntariado foi aumentando para cerca de 300, a rede de som e de televisão generalizou-se, a presença das VOLUNTÁRIAS passou a fazer parte do universo hospitalar.
Foi em 1994 que a Empresa Soares da Costa, com base em projeto do Arq. Carlos Loureiro, reconstruiu, na área do ex-CICAP e em zona cedida pela Direção do Hospital, as instalações para a Direção da LAHSA e para os seus Serviços Administrativos. A Empresa FAGO encarregou-se de a mobilar e assim foram criadas condições condignas para um adequado funcionamento da LIGA.
Em 2 de Outubro do ano de 1998, sua Exª. o Sr. Presidente da República, Dr. Jorge Sampaio, agraciou a Liga dos Amigos do Hospital de Santo António com o título de Membro Honorário da Ordem de Mérito.
Membro Honorário da Ordem de Mérito
Em 1999 o Dr. Paulo Mendo passou a ocupar a Presidência da Direção da Liga dos Amigos do Hospital de Santo António, tendo como membros da sua Direção individualidades extremamente dedicadas a esta causa: Drª. Irene Oliveira (Vice-Presidente), D.Maria Helena Magalhães Carneiro (1º Secretário), Dr.ª M Teresa Salvador Macedo Pinto (2º Secretário), D. Maria Catarina Barbosa (Tesoureiro), com os seus Vogais, Suplentes, Conselho Fiscal e Mesa da Assembleia Geral, que nos abstemos de inumerar, e em 2003, no seu 2º mandato o Dr. Paulo Mendo afirma categoricamente que nos 25 anos já passados “A Liga tem contribuído decisivamente para uma acentuada melhoria da qualidade do atendimento do doente”.
Em 1999 os objetivos eram o da melhoria das condições de trabalho do corpo do Voluntariado e o de melhorar o apoio da Liga aos Serviços instalados no novo pavilhão (Edíficio Dr. Luís de Carvalho). Assim, o Hospital reaproveitou as instalações da antiga consulta de Cardiologia, no sub-solo da ala Norte, tendo-a recuperado totalmente. O BPA – hoje Millenium/BCP – mobilou toda esta área. O segundo objetivo foi alcançado com distribuição de pequenos almoços nas salas de espera da Consulta de Ortopedia e nas novas instalações do ambulatório de Oncologia. Iniciou-se também o apoio regular ao Serviço de Fisiatria, então sediado no Hospital Conde Ferreira. Foi neste ano que a Liga passou a ter um endereço na Internet: lahsa@mail.telepac.pt, que ainda hoje também se mantém.
Os anos seguintes foram principalmente dedicados à consolidação de todo o trabalho da Liga – incluindo o da angariação de fundos – e à FORMAÇÃO (2 cursos por ano), a reuniões para avaliação do trabalho de cada grupo e para a programação mensal. Em 2000 o corpo de voluntariado era constituído por 210 VOLUNTÁRIAS/OS e 40 ESTAGIÁRIOS. Em 2001 passou a ter 300 VOLUNTÁRIOS/AS. Coincidindo com as comemorações do Ano Internacional do Voluntariado foi desenvolvida uma intensa atividade de expansão, com troca de experiências e conhecimentos entre instituições de voluntários.
Em 2005, após eleições, a Direção mantém-se e somente o Presidente Dr. Paulo Mendo (que passa a Presidente da Assembleia Geral) é substituído pelo Dr. Benvindo Justiça. Todas as rotinas são continuadas, procuram-se receitas através de algumas iniciativas, faz-se um “site” da LAHSA (www.lahsa.pt ) que a breve prazo se torna útil para inscrição de sócios, de candidatos a voluntárias e para conhecimento das atividades da LAHSA. O Hospital entretanto disponibiliza novas instalações para o VOLUNTARIADO (3º andar do Edifício clássico) e finalmente a LIGA é auditada para o processo de REACREDITAÇÃO DO HOSPITAL recebendo os maiores elogios por tudo quanto o nosso VOLUNTARIADO tem feito em relação à HUMANIZAÇÃO dos doentes do nosso Hospital (Janeiro 2007).
Em Janeiro de 2008 a Direção da LAHSA é praticamente reeleita na sua totalidade, entrando para a Direção o Dr. Carlos Alberto Silva (Administrador do Centro Hospitalar do Porto, EPE ), a D Manuela Soeiro e o Dr. José Neto, VOLUNTÁRIOS extremamente interessados, competentes e conhecedores da missão do VOLUNTARIADO NO HGSA. Em 2011 nova Direção é escolhida e votada, com pequenas alterações nos seus órgãos. Todavia as dificuldades aumentaram tanto por mudança dos órgãos de Direção do Hospital, como na drástica diminuição de sócios e de donativos de mecenas, como por dificuldades que foram criadas internamente, o que dificultou grandemente a nossa ajuda aos doentes do Hospital. Acabamos os 3 anos com algum défice, mas não temos dúvida de que a população do Porto – no peditórios anual que fazemos em Maio e na venda de Natal em Dezembro – sabe a utilidade deste VOLUNTARIADO NO HOSPITAL DE SANTO ANTÓNIO e continua a ajudar esta LIGA, não quebrando a sua ajuda diária.
Em Março de 2014, foi eleita a direção com entrada de novos elementos, procurando-se a sempre necessária renovação dos orgãos diretivos. Assim, tomou posse como Presidente o Sr. Dr. Manuel Campos, fazendo também parte desta direção as voluntárias: Dr.ª Isabel Gonçalves; Dr.ª Lídia Esteves e a Dr.ª Mafalda Macedo Pinto.
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No dia 29 de Dezembro de 1976, no princípio da madrugada, um violento incêndio inicia-se numa enfermaria do 2º Piso do Hospital da ala norte, ameaçando propagar-se a outras áreas. Os doentes em pânico foram evacuados para a ala sul. Cerca de 30 doentes foram retirados. O fogo alastrou-se rapidamente por toda a enfermaria. Um dos doentes internados foi assistido no SU, com queimaduras graves. Algumas horas após, o incêndio foi considerado extinto. Noite de perturbação, retirada de camas e doentes, bombeiros, gritos e feridos. Perderam-se 3 doentes que não conseguiram “libertar-se” das suas camas.
Por essa altura as carências económicas do Hospital para fazer face às despesa e às dificuldades que se notavam na “população” inspirou algumas figuras responsáveis nomeadamente o Dr. Luís Roseira a criar um corpo de voluntários e uma estrutura que pudesse angariar fundos de mecenas e da sociedade civil da cidade. Nasce em 1977 a Liga dos Amigos do Hospital de Santo António. No início de forma rudimentar, algumas voluntárias com o traje branco e vermelho iniciavam a sua missão… Víamos algumas senhoras pela enfermaria ainda titubeantes, receosas, mas já amáveis e carinhosas.
O doente é um ser frágil, por vezes idoso, desinserido da família, da sua casa, muitas vezes da sua “aldeia”, alguns com grandes dificuldades económicas. Assim a necessidade de um forte componente humanitário impôs-se. A actividade da Liga amplia-se ,reforça-se até aos nossos dias. O envolvimento do voluntariado é fundamental para o sucesso desta nobre missão. Como presidente actual orgulho-me de pertencer a este projecto humanitário respeitando a sua história… acreditando no seu futuro.
Manuel Campos
Presidente da LAHSA